Após um longo período de debates teológicos dentro da Igreja Católica, o Vaticano voltou a se posicionar sobre o título de “Corredentora” frequentemente atribuído à Virgem Maria. A orientação, reafirmada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, esclarece que o termo não deve ser empregado, pois pode levar a interpretações equivocadas sobre o papel de Maria na história da salvação.

De acordo com o documento, embora Maria tenha exercido uma função essencial ao aceitar ser a mãe de Jesus, a redenção da humanidade é obra exclusiva de Cristo. A nota destaca que atribuições que insinuem participação igualitária de Maria no ato redentor podem “comprometer o equilíbrio das verdades cristãs e gerar confusão entre os fiéis”.
O Papa Francisco já havia se manifestado contra o uso do título em diversas ocasiões. Em homilias e audiências públicas, o pontífice afirmou que chamar Maria de corredentora “não corresponde ao Evangelho”, enfatizando que ela é venerada como Mãe, Discípula e Modelo de Fé, mas não como coautora da salvação. Segundo ele, atribuir-lhe tal função poderia ofuscar o sacrifício único de Cristo na cruz.
A discussão sobre o tema não é nova e já foi abordada por pontífices anteriores. São João Paulo II chegou a utilizar o termo em contextos devocionais, enquanto Bento XVI e Francisco mantiveram uma postura mais precisa em relação à doutrina, reforçando que Maria participa da missão de Cristo, mas não substitui nem complementa o ato redentor de forma direta.